Posts Tagged ‘politiquices’

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fanfarrão

outubro 15, 2008

A peruada deste ano, com o tema “Meu peru nunca vai preso, com Habeas Corpus sai ileso”, ganhou propaganda no blog do Protógenes.

A “manifestação” acontece na sexta-feira (17). Pra saber onde ir e como chegar, é só seguir as piriguetes.

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estranhos padrões de comportamento

outubro 15, 2008

Um Instituto da Unicamp está em campanha eleitoral para compor a nova diretoria. Não contrariando sua fama de democrático, organizou um debate entre as duas chapas (uma delas, até ali, estranhamente sem vice). A comunidade, em polvorosa, foi participar.

Houve gritaria, rompimento de amizades e ensaiou-se uma pancadaria. Mas como intelectual é chique, as agressões ficaram por conta de uma saraivada de documentos sobre a cabeça de um candidato, que, supostamente, revelavam o seu passado escuso. Choveram insinuações sobre a conduta pública dos personagens que compunham as duas chapas e houve até fofoca boca-a-boca organizada pelo C.A, no melhor estilo imprensa marrom, pra desmoralizar um dos candidatos. A acusação, claro, era a de que aquele ali não ía ajudar em nada na aliança operário-estudantil, já que em um lapso de Cruela teria praticado assédio moral contra um funcionário (história, claro, controversa e mal contada). Ao final do debate, ninguém soube ao que vieram as chapas (ou a chapa e meia, já que a outra nem vice tinha), mas saíram, todos, cheios de pulgas atrás da orelha (será? será?).

Eleição é um ritual. Só passando pelo crivo do moralômetro é que um candidato sai purificado e cai nas graças do povo. Enquanto isso, haja baixaria…

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da crise #2

outubro 10, 2008

A melhor aspas da crise até agora é do ex-presidente Felipe González, em “matéria” do Clóvis Rossi:

“Nos cassinos, o que arrisca e perde não reclama que papai-Estado lhe devolva o dinheiro”.

Em tempo: o modelo de intervenção do Estado na economia é keynesiano, não socialista. Certo, pessoal?

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dessas eleições

outubro 6, 2008

Este ano foi difícil votar. Partido político não existe mais, mas não me permito, por princípio, a confundir público e privado: não quero que meu voto compute qualquer pessoalidade. Excluí então os homens bons, todos os conhecidos e “as pessoas de bem”. Porque demos e tucanos. Porque as pessoas de bem, que contam os centavos para pagar as contas, não se dão conta de que defendem a mesma plataforma política que aprofundou ou simplesmente ignorou sua condição econômica e social. Não posso votar no cara legal que acha que a privatização das estatais foi a melhor coisa que o FHC poderia ter feito por este país. Partidos não existem mais, mas não dou meu voto para aplaudir sua história. Há ali qualquer coisa de acúmulo que não posso ignorar em troca de alguns sorrisos ou solidariedade. Por isso, PSDB e PFL (pra lembrar de onde vieram os ‘vamos-surfar-na-onda-estadunidense’ democratas) nunca foram uma opção. E jamais serão. Por isso, o PT deixou de ser, mas, a depender do cenário, pode ainda ser. Como foi no segundo turno das últimas eleições para presidente.

Foi difícil votar. Excluí as pessoas de bem do DEM, as pessoalidades, os partidos e não me sobrou nada. Só deserto e os dissidentes da estrela. Titubeei. Pela história. Porque minha formação me ensinou que sem mudar a “estrutura” não adianta. Eu não conheço o Psol e o PSTU por dentro, mas me basta assistir aos militantes do movimento estudantil e suas táticas de guerra. Aquilo ali é o microcosmo do partido. Fechei os olhos e dei um voto de confiança. Menos a eles e mais à política. Que sei, é isso aí. Mas que preciso acreditar que um dia não será. E, para mim, só não será quando não tivermos um democrata levando a prefeitura de São Paulo. É triste. E só sei que nessa de recorrer ao bizarro e entregar pra Deus, muita gente se esquece de que pastor de igreja evangélica não faz nenhum deficiente físico voltar a andar. Que me perdoem a comparação, mas é que aprendi com meus pais que valores e princípios a gente não leiloa nem por vingança. Por mais justa que ela seja. Minha solidariedade vai com estes valores e princípios. E assim vai ser enquanto me for possível…

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Em tempos de Rodada Doha

julho 21, 2008

“The moment the average resident of Tanzania, or Laos, was no longer forbidden to relocate to Minneapolis or Rotterdam, the government of every rich and powerful country in the world would certainly decide nothing was more important than finding a way to make sure people in Tanzania and Laos preferred to stay there. Do you really think they couldn’t come up with something?” (David Graeber, Fragments of an Anarchist Anthropology).

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escorregando no servo-croata

julho 17, 2008

Para constar nas buscas do google, para que futuros pesquisadores não passem pelo vexame que eu acabei de passar: autogestão na antiga Iuogoslávia é equivalente a “samoupravljanje” e não a “samoupravlje”. Estamos entendidos?

Aparentemente, além da guerra que mata gente e verte sangue (é sempre bom usar o verbo no tempo correto) há uma guerra lingüística nas terras do general Tito. Assunto muito complicado, mas a indicação é a de que os bósnios e montenegrinos se valeram da construção de diferenças lingüísticas para justificar sua autonomia nacional. Eles romperam o acordo de unidade lingüística servo-croata (similar ao que o Brasil acaba de assinar com os outros países de língüa portuguesa) para introduzir aí um elemento de unidade nacional: os lingüístas tiraram umas consoantes, botaram outras e záz (como diria o Quico, do Chavez). Daí todo mundo escrever “samoupravlje”, palavra que não existe no dicionário servo-croata, ao invés de “samoupravljanje”.

Para complicar ainda mais: quem me contou essa história foi uma professora sérvia da Universidade de Belgrado (é. pois é).

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anacronismos

julho 9, 2008

Eles andam à solta desde que o mundo é mundo e o homem inventou a história. Mas dizer em pleno ano 2000 que a democracia americana é um modelo a ser seguido já é demais, não é, não? Ainda mais quando a sentença vem da boca, de novo, de um francês. O sujeito, Pierre Chaunu, além de boneco de ventríloco do Malthus (o problema mais importante do mundo é a explosão demográfica, ele diz) parece ter incorporado o Tocqueville. Antes fosse genial como ele. Segue a profecia de Chaunu, em “Perversões da Utopia Moderna”, de Philippe Bernard:

“Por enquanto, nada é irreversível. Enquanto a América resistir. A utopia moderna mereceria o benefício do sursis”.

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associação livre

junho 29, 2008

Eurico Miranda caiu aqui e Robert Mugabe continua lá. No meio disso tudo, o Senado norte-americano anunciou a retirada de Mandela e de seu partido, o Congresso Nacional Africano, da lista dos terroristas.

Agora, Mandela é livre para pisar em outras partes dos EUA que não a sede da ONU. Roberto Dinamite é promessa de mais democracia no Vasco. E não adianta rezar para o Mubage, no auge dos seus 84 anos, morrer. Só mais 84 anos darão conta de reestruturar o país. E Bush quer impor um embargo, via ONU, ao Zimbábue.

A saída de Eurico Miranda dá esperança. A retirada de Mandela da lista dos terroristas, não. Progressista seria pensar em um país sem lista de pessoas que não são bem-vindas por serem terroristas, como Mandela foi um dia. Nada melhor para provar a arbitrariedade dos critérios, arbitrariamente postulados ao calor da história. Da onda de violência no Zimbábue, ninguém vai se lembrar. Sem registro, não há o que se lembrar. Pode dar sorte de virar filme e ganhar uma referência distante na memória. Assim como Guantánamo é agora uma música de Caetano. E também foi um dia, o Haiti.

***

Em tempo, a melhor matéria que li até agora sobre o pleito no Zimbábue. É do The Guardian. Segue um trecho. Mais, aqui.

“The young man who gave his name only as Wilson wanted just one thing from yesterday’s presidential election in Zimbabwe: the indelible red ink on his little finger to show he had voted.

“They said they would come to see if we voted,” he said after casting his ballot in a tent in a Harare suburb. “They know if we went to vote we would have to vote for the president. They were watching.”

Who are “they”?

“The ones who made us go to the meetings at night. The ones who told us we must be careful to correct our mistake.”

Wilson voted for Robert Mugabe yesterday, against his will but judging that it was the best way to save himself from a beating or worse.”

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zombie walk

junho 26, 2008

Tenho um amigo neozelandês que sempre me dá lições de alteridade. Aprendo muito com ele, mesmo sem ele saber. Além de compartilhar informações do tipo “tem muito imigrante polonês na Inglaterra”, vira-e-mexe ele solta impressões sobre o nosso cotidiano que me fazem generalizar “isso é coisa de brasileiro”.

Ontem, ele diagnosticou nossas eleições. “Sabe o que eu acho? Que a política do Brasil parece filme de terror. Parece que a cada dois anos todo mundo sai do cemitério”.

É. Paulo Maluf que o diga.

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cada um com seus valores

junho 25, 2008

Na época dos ataques do PCC me apaixonei pela coluna da Mônica Bergamo. Tinha ali uma entrevista com a Hebe onde ela rebatia o diagnóstico do então governador de São Paulo, Claudio Lembo, de que a elite branca tinha sua porção de culpa nos atos de violência espalhados pela cidade.

“A elite é a mais prejudicada”

Ao lado de convidadas como Luana Piovani e Costanza Pascolato, e entre baldes de champanhe e edredons de penas de gogó de ganso que custam mais de R$ 7 mil, a apresentadora Hebe Camargo prestigiou o lançamento de um livro na loja de enxovais de luxo Trousseau, no shopping Iguatemi. Hebe falou à coluna sobre os ataques do PCC:  

FOLHA – Como os ataques do PCC, que paralisaram a cidade na semana retrasada, afetaram a sua rotina? HEBE – No dia daquela pane toda, foi suspensa a minha gravação porque eu não podia pôr em risco meus convidados.

FOLHA – O que a senhora achou da declaração do governador de São Paulo, Cláudio Lembo, sobre a “elite branca”? HEBE – Achei aquilo de uma infelicidade! Ele devia estar muito nervoso, porque ele é uma pessoa de bem, de muito caráter. Estranhei. Quero crer que foi fruto do nervosismo que todo mundo estava vivendo.

FOLHA – A senhora acha que existe uma “elite branca” responsável… HEBE – Não, absolutamente! Que culpa tem a elite? O que que é isso? A elite é a mais prejudicada, é a mais intimidada, a mais cobrada! A elite não tem culpa, absolutamente. Gracinha!! [aperta o nariz da repórter, encerrando a entrevista].”

A coluna completa, e genial, está aqui.

Outro dia, me diverti com a Hebe de novo. Ao entrevistar o Padre Marcelo Rossi, que cantava com Paulo Ricardo (também não entendi nada), ela soltou:

– aquelas criancinhas todas de terninho, tocando violino e violãocelo, olha, a televisão precisa disso…

– valores…

– mostrar esses valores. as roupinhas….

Doida demais.