A Copa do Mundo acabou no domingo de manhã.
Um mês antes, eu queria uma casa mais bonita. Uma casa com mais cara de casa. Com detalhes bonitinhos por todos os lados. Com uma decoração que a diferenciasse de todas as outras casas, tão iguais nessa vila quase soviética onde moro. Estava cansada de tantas portas azuis-turqueza. Achei uma figura de zebra linda e colei na porta. “Qual é o número do quarto de vocês?”. “É só bater na zebra”. Criei nossa identidade. E sorria toda vez que abria ou fechava nossa porta e via a simpática zebrinha colada no fundo azul.
Na madrugada do sábado para o domingo a zebra sofreu um atentado. Eu, na minha ânsia de torcer contra a Argentina, colei um post-it rosa sobre a zebra com os dizeres: “Go Germany!”. Queria me vingar dos argentinos que se infiltraram na torcida brasileira no último jogo, aqui no Hall, e torceram contra até o último segundo. A Alemanha era minha esperança (segurança, na verdade). Dela, NO PASÁRAN!
Me esqueci de retirar o post-it, tão datado. E, domingo de manhã, estava lá a zebra, pichada com os dizeres “Fuck Germany, Go Spain!”.
OI?!
Quase derrubei uma lágrima infantil por ter perdido nossa zebrinha. Ela, que tornava nossas vidas mais doces, foi vítima de um grupo covarde de torcedores espanhóis que a atacou de madrugada, enquanto dormia.
Minha Copa do Mundo acabou ali. A porta doce, também.